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quarta-feira, 29 de julho de 2009

Demi Lovato no The New York Times

The Tween Princess, Tweaked
(A Princesa Tween, Beliscada)
Demi Lovato tornou-se a sensação pop da Disney, mas ela não se encaixa exatamente no molde. As milhares de meninas com seus gritos agudos na platéia podem não ter percebido, mas as coisas não estavam sendo fáceis para Demi Lovato durante seu show no Prudential Center em Nova Iorque. Durante os primeiros minutos, enquanto ela cantava e girava por todo o palco, não saiu nenhum som de seu microfone. Mais tarde ela enrolou a letra em algumas músicas. Na face da Srta. Lovato, mal disfarçados pelo sorriso de uma profissional de longa data, não deixavam de aparecer flashes de preocupação, desconforto e medo.

Era uma noite antes de seu filme mais recente, "Princess Protection Program", fazer a sua estreia no Disney Channel, onde a Srta. Lovato, 16, é uma estrela em ascensão, a herdeira aparente à coroa tween-pop.

Mas onde, em um passado não tão distante, isso significaria que ela seria uma espécie de robô de alegria e mais do mesmo, Srta. Lovato já está provando ser muito mais intrigante e, muito menos previsível.

Por volta da metade do show, veio "Catch Me", uma das melhores músicas de seu novo CD, “Here We Go Again”, e a única pela qual ela recebe todo o crédito pela letra. Como aquelas que a precederam, ameaçava vir a ser uma confusão.

Mas enquanto a Srta. Lovato deslizava pela letra, íntima e pensada, a calma pairou sobre ela. Seus ombros relaxaram. Ao invés de sobrecarregar a multidão com extravagâncias, ela tornou-se intimista, e por alguns momentos, pareceu como se talvez preferisse tocar em uma coffeehouse, onde as luzes não fossem tão brilhantes.

"'Catch Me' foi escrita por mim no meu quarto," Srta. Lovato disse mais cedo naquele dia, em uma pausa no Trump International Hotel em Midtown Manhattan, NY. "Estas músicas significam mais para mim do que quando temos duas semanas para terminar um álbum e eu estou com três escritores diferentes."

O tempo certamente se tornou apertado para a Srta. Lovato, uma cantora, compositora e atriz que há pouco mais de um ano era uma cara relativamente nova no ecossistema da Disney, abrindo o show para o Jonas Brothers em sua turnê, fazendo seus próprios shows para algumas centenas de fãs e atuando como o interesse romântico de Joe Jonas no filme "Camp Rock".

Agora ela é a estrela, sua ascensão em velocidade máxima ao topo do mundo pop jovem - por meio de CD's, filmes para TV e seu seriado “Sonny With a Chance" - uma prova não apenas de sua infatigável energia e talento legítimo, mas também da vitalidade e eficiência da máquina Disney de fazer estrelas, que cultiva jovens talentos em todas as plataformas de mídia.

Mas ao mesmo tempo em que ela se uniu no ranking à Miley Cyrus e aos Jonas Brothers e, em menor escala algumas das estrelas da franquia "High School Musical" - que seguiram um caminho semelhante para a fama - A Srta. Lovato parece ter um plano diferente. Juntamente com, talvez, Nick Jonas, o prodígio criativo que dá à mega-marca Jonas Brothers um pitada de profundidade, a Srta. Lovato tem uma espécie de sensibilidade fora-Disney, simultaneamente construindo uma marca e provando sua flexibilidade.

Nos últimos três anos a Disney, por meio de um série de bem sucedidos artistas pop e programas de TV cheios de sinergia, se firmou como "amiga da família", democrática e acessível. Enquanto a Srta. Lovato, com o seu look de prom-queen e super carisma, é com certeza todas essas coisas, ela também se destaca artisticamente, com gostos e atitudes espontâneas. Seu primeiro CD, "Don't Forget", com pitadas de hard rock e pop-punk, foi surpreendentemente animado e forte, facilmente o mais dinâmico de um artista Disney. Uma fã de heavy metal que faz cover de Aretha Franklin em seu show e já escreveu, por suas contas, algumas centenas de músicas, Srta. Lovato é a mais empolgante estrela musical da companhia.

Seu outro lado é ressaltado pelos papéis que ela desempenha (e está no elenco) no Disney Channel. Enquanto Srta. Cyrus ("Hannah Montana") e os Jonas Brothers ("Jonas") fazem versões de si mesmos - jovens famosos tentando descobrir como ser jovem e famoso e normal - em “Sonny With a Chance” a Srta. Lovato desempenha o seu próprio doppelgänger (alter-ego): alguém descobrindo como se ajustar a uma nova situação.

"Eu sou a novata, e é meio como me senti quando entrei na coisa Selena-Miley-Jonas Brothers," disse a Srta. Lovato, se referindo à Selena Gomez, sua melhor amiga e estrela do seriado “Wizards of Waverly Place.” "Tipo, OK, onde eu entro? Como sou diferente?"

O estrelato adolescente é intenso, empresarialmente complexo, e a Walt Disney Company o tem aperfeiçoado desde que “The Mickey Mouse Club” estreou em 1955. No começo dos anos 90, o “Mickey Mouse Club” reviveu e ajudou a desovar uma geração de talentos que mais tarde veio a dominar o pop: Justin Timberlake, Britney Spears, Christina Aguilera. (Até Ryan Gosling e Keri Russell brincaram com as orelhas do rato preto.) Desde então, Shia LaBeouf, Hilary Duff, Zac Efron e Ashley Tisdale todos saltaram do mundo Disney para o estrelato popular.

Demetria Devonne Lovato teve seu debut fora da companhia. Com 6 anos, conseguiu um papel em “Barney & Friends,” e por muitos anos, trabalhou no circuito de concursos de beleza. Há um vídeo hilário no YouTube de uma Srta. Lovato, então com 13 anos, recebendo um infeliz penteado de concurso no reality show “Split Ends”, do canal Style Network.

Srta. Lovato foi descoberta pela Disney em um teste aberto em Dallas, sua cidade natal, e fez seu debut no Disney Channel em 2007 em "As the Bell Rings,” uma série de curtas de comédia. Em um teste subseqüente para um papel em "Jonas", a série dos Jonas Brothers no Disney Channel (que ela não passou), ela cantou para os executivos e foi prontamente recrutada para "Camp Rock" como a jovem cantora, filha de uma cozinheira de acampamento, que conquista ouvidos e coração de um pop star mimado, papel de Joe Jonas. O dueto deles "This Is Me" foi a canção mais memorável do filme, e a que consagrou Srta. Lovato como música a também atriz.

“Foi muito importante para a empresa o fato de ela ter presença de palco e uma personalidade musical,” disse Abbey Konowitch, gerente geral da Hollywood Records. (Srta. Lovato é empresariada pelo seu padrasto, Eddie De La Garza, juntamente com Kevin Jonas Sr., o pai do Jonas Brothers, e Philip McIntyre.)

Rapidamente, Srta. Lovato se tornou uma prioridade na Disney, se apresentando com os Jonas Brothers, trabalhando em seu primeiro CD, “Don’t Forget” e filmando “Sonny With a Chance.” Quando Gary Marsh, presidente de entretenimento do Disney Channel no mundo, perguntou a Srta. Lovato se ela estava preparada para o que viria a seguir, “ela me olhou nos olhos e disse, ‘eu nasci pronta,’ ” ele lembra. “Alguns dizem, mas eu acho que não têm tanta certeza.” A Srta. Lovato, ele disse, tem “uma assustadora noção de seu destino. Ela construiu toda sua vida para que esse momento pudesse acontecer.”

Lançado ano passado, “Don’t Forget” estreou em 2º na lista da Billboard. “Foi como, OK, consegui,” Srta. Lovato lembra. “Você não está mais tendo sucesso porque está num filme com os Jonas Brothers. Essas pessoas compraram sua música por você.”

E o mundo Disney da música, estava dando um salto. Srta. Lovato “tem um alcance tão amplo,” disse Michael G. Riley, gerente geral da Rádio Disney. “Ela está mais na beirada rock do pop, e isso acrescenta ao cenário da Rádio Disney.”

Em “Sonny With a Chance,” que teve sua estréia em fevereiro, Srta. Lovato faz o papel de uma jovem atriz arrancada da obscuridade de Wisconsin para fazer parte de uma série infantil em Hollywood. Sr. Marsh compara a personagem da Srta. Lovato, com um charme sapeca, a Mary Tyler Moore. Ela fica extremamente confortável sendo o motivo da piada, com uma genialidade que lembra Anne Hathaway e um jeitinho que lembra Drew Barrymore.

Mas enquanto a Srta. Lovato e seu grupo têm milhões de fãs principalmente com idades entre 6 e 11 dispostos a assistir seus programas, comprar seus CDs e ir aos seus shows, seu sucesso não é medido pelas métricas tradicionais. Nenhum único single da Srta. Lovato's entrou na lista dos top 40 mais tocados da Billboard.

"Os programadores do Top 40 ficam um pouco hesitantes para tocar alguns dos artistas mais jovens da Disney", disse Gary Trust, gerente das listas da Billboard. "Eles podem não ter apelo com adolescentes mais velhos e pessoas de vinte e poucos anos. Miley e os Jonas Brothers foram os únicos que já quebraram essa barreira."

O quão bem a Srta. Lovato pode se dar além dos horizontes da Disney não ficará claro por algum tempo. "Nós não queremos alienar seu primeiro público, que é o público da Rádio Disney," disse o Sr. Konowitch. "A gente vive lá."

E mesmo extravasando os limites da Disney artisticamente, Srta. Lovato entende bem o peso da fama. Ela concordou em tirar do novo álbum uma canção que escreveu (com William Beckett da banda emo The Academia Is...) sobre o afastamento de seu pai, já que poderia soar intensa demais para seu público mais jovem. Nas conversas ela parece consciente de que é além de uma adolescente, defensora uma marca, as vezes parando e escolhendo bem suas palavras quando sente que esses interesses podem estar em pauta.

Mesmo com sua fama crescente, é sempre presente a idéia de que em um par de anos, ou talvez menos, será a hora em que ela terá que provar tudo de novo; artistas com foco tween já começam com data de validade embutida.

"Alguns dias eu vou olhar para a platéia e eu vou pensar: Uau, isso é tão legal. Isso é como o que os Jonas Brothers estavam fazendo no ano passado ", disse ela das platéias dos seus shows, que, no ano passado se multiplicaram de algumas centenas para vários milhares. "E depois eu vou olhar para a multidão e pensar: Ah, não é tanto como eles. Alguns dias fico muito animada, e alguns dias fico com medo, porque eu sinto que tenho que alcançar as expectativas de algumas pressões."

Com o tempo, ela disse, a sua carreira vai ser diferente - "Não me vejo fazendo televisão, mas me vejo dirigindo" - e falou com entusiasmo sobre a possibilidade de ter tempo livre para atender ao Berklee College of Music. "Se levar 10 anos para eu ser a música que quero ser, ótimo", disse ela. "Eu não quero que haja uma pandemonia por algo do qual eu não sinta orgulho depois de alguns anos. Quero poder dizer aos meus filhos, 'Este é o grande trabalho que eu fiz,' em vez de dizer, 'eu fui ótima por seis meses, e agora eu tenho este grande trabalho que ninguém viu, porque a minha fama acabou antes'."

No Prudential Center, Srta. Lovato já foi acumulando algumas escolhas idiossincrásicas, posicionando-se para o que a vida pós Disney pode vir a ser. Seu cover de "(You Make Me Feel Like) A Natural Woman" teve um ar de cabaré nele, e "Every Time You Lie," outra canção de forte do novo álbum, soou como um coração partido caprichoso, de um jeito Lily Allen. Intencionalmente ausente do seu set foi a canção “This Is Me,” tecnicamente falando o seu maior hit, e a música que mais a liga aos Jonas Brothers. (Independente disso, ela vai aparecer em "Camp Rock 2: The Final Jam", durante próximo ano.)

No bis, ela surgiu com um vestido rosa angular e trazendo uma guitarra, invocando uma reação de um motim "grrrl", intencionalmente ou não. A interpretação de "Don't Forget", que fez em seguida foi tátil e intensa, muito mais pesada do que a versão lançada como single no ano passado e, provavelmente, além da compreensão de muitas das cabeças no meio da multidão. Ainda assim, pareceu um desprendimento de uma casca que já não cabe direito, revelando uma jovem mulher excêntrica já se preparando para sair dela, enviando de sinais de fumaça para aqueles que consigam reconhecê-los.

Mais cedo naquele dia Srta. Lovato irritou-se com a idéia de que ela, ou o seu som, devem permanecer presos em âmbar. "Às vezes ouço as pessoas dizer, 'Ela está totalmente mudada,'" disse ela, "e é como, uh, se você for uma menina de 16 anos, e você não mudar, há algo de errado com você. Ainda estou aprendendo todos os dias. Eu provavelmente vou continuar aprendendo todos os dias até os 30."

Matéria de Jon Caramanica, impressa no The New York Times em 19 de julho de 2009, na página AR1.


Fonte: The New York Times
Tradução: DemiBrasil.com

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