Edição 32 (maio 2009) da Revista Rolling Stone - por Jason Gay:
Apenas Bons Garotos
Com novo disco, filme em três dimensões e uma turnê grandiosa, os Jonas Brothers passaram de novidade da Disney a fenômeno consolidado - e eles só querem que você os veja como uma banda de verdade
São quase oito horas de uma noite suarenta em Phoenix e, enquanto a temperatura clemente mente dava uma trégua, 1 trilhão de hormônios se reuniam no Cricket Wireless Pavilion para ver os Jonas Brothers. Entre as diminutas peregrinas na platéia, estão Jordan e Jackie, um par de pré-adolescentes loiras. Há poucos instantes, a dupla encontrou a banda em pessoa em uma sessão de fotos com as fãs. Agora elas tremem e soluçam incontroláveis, as bochechas vermelhas, como se alguém tivesse acabado de contar- lhes que a Disneylândia foi incendiada com todos os gatinhos e bebês panda dentro.
"Aimeudeusaimeudeusaimeudeus", diz Jordan, os braços levantados, as mãos balançando.
"Meu corpo inteiro está formigando porque eu Acabei. De. Encontrar. Nick. Jonas", diz Jackie, assim mesmo, em pausas.
"Passei minha vida inteira querendo conhecê-los", completa Jordan. Quantos anos você tem? "Dez."
É assim em todos os lugares. Em um show dos Jonas Brothers em Dallas, encontro várias fãs que, como os Jonas, usam "anéis da virgindade", simbolizando os votos de manter a castidade até o casamento. Encontro uma precoce menina de 11 anos chamada Hannah (mas não Montana), de Nova York. "Temos que ensinar as pessoas a gostar de Jonas Brothers", ela instrui, com o dedo em riste. E por que Hannah, de Nova York, está em Dallas?
"Para ver os Jonas Brothers", responde ela. "Dã!"
Em Phoenix, os irmãos Nick (16), Joe (19) e Kevin (22) se preparam para começar o show. O mais alto dos três tem 1,77 m e todos possuem fantásticas cabeleiras castanho-escuras. Joe faz chapinha. Kevin também fazia, mas decidiu deixar enrolado de novo, com grossas costeletas; Nick, o líder e principal compositor, sempre manteve seus cachos. Debaixo do terno de linho marrom do mais novo há uma bomba de insulina, colada na região lombar. O garoto foi diagnosticado como portador de diabetes Tipo 1 e, por conta disso, seu nível de açúcar no sangue precisa ser monitorado; o segurança da banda, Big Rob, sempre carrega uma dose de insulina, em caso de emergência.
Os bastidores rapidamente lotam de pessoas que formam uma extensão da família Jonas. Há a banda de apoio - rapazes de 20 e poucos anos, muitos dos quais estão com os Jonas Brothers desde o tempo em que os irmãos tocavam em bares. Há também uma orquestra de cordas feminina vestindo smoking, contratada para tocar no palco. Há ainda o coempresário todo certinho, Phil McIntyre, e Kevin Jonas Sr. - homem de 44 anos, cabelos castanhos e fala mansa -, pai dos garotos. Ex-músico gospel e pastor de igreja criado na Carolina do Norte, Kevin Sr. Também divide a função de empresário com McIntyre.
O grupo forma um círculo e dá as mãos. Kevin Sr. Baixa a cabeça em oração. "Meu Pai, rezamos para que o Senhor nos abençoe mais uma vez. Faça com que seja divertido, seguro e emocionante. Obrigado a todos que estão aqui presentes. Tínhamos 60% dos ingressos vendidos semana passada e, ao que parece, hoje estamos com lotação máxima. Senhor, oramos para que cada pessoa presente seja encorajada pelo nome de Jesus."
A banda e sua equipe berram. "Vamos lá!", eles gritam. As mãos se juntam e se erguem para o teto.
"Vivendo o sonho!", eles bradam.
De repente, as luzes se apagam, desencadeando um rugido que varre os 20 mil lugares do local e só pode ser descrito com um adjetivo: primal. A neuropsiquiatra Dra. Louann Brizendine, autora do best-seller Como as Mulheres Pensam, diz que a liberação de dopamina no cérebro de uma garota que grita ao ver seus ídolos é como uma "injeção de heroína". Estar ao lado de outras garotas gritando, diz ela, só torna o efeito ainda mais selvagem.
"Há algo na biologia que chamamos de sincronia", conta Brizendine. "Uma garota afeta a outra em um efeito dominó que se amplifica até o nível da histeria. Seus cérebros estão sendo inundados de dopamina e oxitocina, que é um hormônio ligado ao amor e à afinidade. A grande quantidade de estrogênio das adolescentes catapulta os níveis de dopamina e oxitocina no cérebro, criando um surto de êxtase nelas mesmas e nas outras. É um estado de amor em êxtase."
Você lê esta matéria na íntegra na edição 32, maio/2009
0 comentários:
Postar um comentário